sexta-feira, 26 de junho de 2009

Crítica

Espaço

O espaço é uma ferramenta do arquitecto, em que este cria e modifica consoante o projecto a realizar. Um elemento igualmente importante é a luz que tem a capacidade de transformar o espaço alterando-lhe a forma perceptiva. É a luz que limita e qualifica o espaço arquitectónico, podendo ser utilizada de diversas maneiras, criando assim grande variedade de sensações aos receptores. A luz torna-se então fundamental para o projecto de um arquitecto, pois além de ser necessária para a compreensão de um espaço, como já dizia Le Corbusier, existem necessidades básicas humanas que necessitam ser realizadas, sendo que a luz é um grande contributo nessa matéria.
Durante a fase de projecto um arquitecto tem que representar o seu conceito/objecto/espaço arquitectónico para que se perceba como irá ficar depois de construído e para tal, serve-se das várias técnicas de representação, desde o estudo do volume à planta passando ainda pela perspectiva e cortes. No meu ponto de vista, através da planta e da volumetria já se consegue ter uma ideia mínima de como resultará um projecto, uma vez que na planta se conseguem ver todas as relações entre espaços interiores e com a volumetria percebe-se qual o resultado exterior, no entanto é preciso mais do que isso. É necessário ter uma ideia absoluta e rigorosa do projecto. Para tal existe a perspectiva, já utilizada no Renascimento como método de representação fiel da realidade, bem como para conferir profundidade ao desenho ou criar efeitos de ilusões na arquitectura. É então através da perspectiva que podemos ter um espaço focal clássico, homogéneo, constante e isótropo e com apenas um ponto de vista, ou um espaço narrativo, bastante mais interessante, uma vez que provoca dinamismo e movimento, pois a percepção do espaço é feita a partir de um movimento que cria vários pontos de vista, sensações e diversas formas de percepção de todo o objecto arquitectónico. Além disso ao ser necessário percorrer um caminho para encontrar a percepção global do espaço, está-se a criar uma narrativa ou uma história. O mesmo acontece no cinema em que há a percepção de realidades diferentes devido à multiplicidade de espaços que geram diferentes emoções aos espectadores. Aqui introduz-se então o factor tempo, o que não acontecia na perspectiva focal clássico, uma vez que estava parada. Também na arquitectura com o tempo podem-se criar percursos arquitectónicos para a criação de sensações e diferentes percepções do objecto. No entanto existem regras físicas para causar emoções, desde a superfície ao volume e planta. É através de técnicas que se pode construir e controlar o percurso arquitectónico, pelo que todos os arquitectos deviam ser capazes de o fazer, conferindo assim um carácter especial à sua arquitectura. Le Corbusier é um exemplo de sucesso nesta área, pois foi ele estudou e aplicou todas estas regras físicas, tornando a sua arquitectura tão característica servindo também os seus ensinamentos como base para outros arquitectos que viriam depois dele. É interessante como Corbusier consegue condensar todos estes aspectos constructivos, estruturais e estudos que fez durante a vida apenas num edifício, e um dos mais importantes, a Villa Savoye. Este é um edifício que se insere em quase todos os tópicos estudados neste semestre, desde o lugar à função e ao espaço. Á primeira vista não nos apercebemos deste fenómeno, mas depois de um estudo aprofundado é fácil de verificar este facto.
A partir do século XX começou-se então a introduzir o tempo, dinamismo e profundidade em grande parte da arquitectura através da utilização da perspectiva. O mesmo aconteceu no cinema, na fotografia, na pintura e nos diferentes movimentos arquitectónicos. Assim começaram a aparecer os sistemas de profundidade com a introdução da planta profunda.
Uma outra grande arquitecta em que os seus projectos, também eles muito caricatos à sua maneira, todos eles repletos de movimento e dinamismo, foi Zaha Hadid. Ela aplica várias regras fazendo com que a arquitectura estável pareça que está em movimento, cria percursos arquitectónicos para que se tenham diferentes percepções e emoções do mesmo espaço. Mais uma arquitecta que revolucionou o mundo da arquitectura.
Segue-se finalmente o espaço plano, que pode ser um espaço quadro, onde há o acumular de espaço e tempo num mesmo plano; um espaço marco no qual percebemos uma outra realidade que não se vê mas que sabemos que lá está e um espaço projecção onde desaparece a ideia de limite, é uma realidade que não existe.E assim chegamos ao fim de um ano de Teoria da Arquitectura, onde nos foi possível ficar a conhecer um pouco mais do grande mundo da arquitectura, bem como de certos aspectos e temas que nos irão acompanhar ao longo de toda a vida enquanto arquitectos. Podemos referir também que com esta disciplina foi possível abrir horizontes, tanto a nível de obras como de autores até então desconhecidos, fazendo com que agora se olhe com outros olhos para a arquitectura, podendo agora criticá-la de outra forma, uma vez que adquirimos bases que nos permitem faze-lo. Além disso, foi uma disciplina complementar a Projecto, ajudando-nos na sua compreensão, valendo então assim todo o esforço dedicado a esta cadeira.

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