quinta-feira, 25 de junho de 2009

01.2. O lugar como categoria estética da arquitectura

Segundo L. Kahn, a arquitectura não é só instituição, mas também paisagem.
·Faculdade Arquitectura Porto
Siza, A. 1993

Este é um edifício que transmite uma espécie de diálogo entre os edifícios e o envolvente, e o que o define é a forma como foi colocado no terreno.
· Cardo-Decumanus

Aqui, o espaço arquitectónico é instituição e paisagem, pois uma cidade já faz parte do lugar e não foi apenas implantada nesse local. Inicialmente construímos o lugar e posteriormente construímos os edifícios.

Existem algumas características para que as cidades possam ser colocadas num lugar, sendo elas:
1. Topografia (cidades medievais eram colocadas no topo para facilitar as defesas);
2. Defesas/comunicação (linhas de comunicação já existentes no lugar);
3. Água (define a própria forma da cidade).

·Fountains Abbey

Neste caso, foram deixadas ruínas no local, em que o envolvente do edifício é recuperado e não o próprio edifício, indiciando deste modo a ruína como um marco estético naquele local. Há, assim, apenas uma intervenção sobre o lugar.

Estratégias no Território:

1. Princípio de Artisticidade
2. Princípio de Sobreposição
3. Princípio de Ancoragem
4. Princípio de Temporalidade

1. Princípio de Artisticidade
·Posto ferroviário, Basileia, Suíça
Herzog & de Meuron 1989-94

Este princípio consiste no projecto responder a uma determinada necessidade/função. O edifício tem que se submeter às características do lugar, neste caso o controlo do tráfego, ou seja, o elemento arquitectónico vai-se submeter ao lugar em que foi colocado, em que o objectivo inicial era responder às funções do sítio, e que agora se torna artístico devido ao diálogo entre o lugar e o edifício.

2. Princípio de Sobreposição


·Museu Universitário de Arte, Long Beach
Eisenman, P., 1986

No Museu Universitário de Arte, é visível a sobreposição de pegadas, entre o presente, o passado e o futuro. O presente está representado pela trama do próprio lugar, ou seja, as características do campus universitário (local de construção da universidade); o passado é visível no lugar onde se vai construir o projecto, que inicialmente era uma quinta onde se extraía o petróleo; e finalmente o futuro é uma espécie de expectativa, ou seja, se por acaso a cidade fosse coberta de areia, posteriormente se iniciassem escavações, encontrariam este mesmo edifício projectado. Este conceito está representado no projecto pela criação de patamares (falsa topografia) como escavação daquilo que tinha sido construído, criando assim uma pegada do edifício sobre o lugar.

·Projecto Romeu e Julieta, Verona
Eisenman, P., 1985

Este é mais um projecto em que Eisenman sobrepõe três marcas a uma escala livre. Ele utiliza a história de Romeu e Julieta com o fim da aplicação das marcas no lugar, fazendo uma analogia das cenas com o projecto. Temos então a descrição da primeira cena, que se passa na varanda de Julieta. Aqui existe uma separação entre os dois elementos e Eisenman transpõe isso para a arquitectura criando um cardo-decumanus sobre o lugar, separando a cidade em quatro.
Na segunda cena, a cena da igreja (casamento) em que se dá uma união. Assim sendo, Peter Eisenman opta por sobrepor esta ideia de união através e uma trama ortogonal que liga o edifício ao lugar.
Finalmente temos a cena do cemitério, onde há uma separação mas ao mesmo tempo também se dá uma união. Analogamente, no local há um rio que une, mas separa dois projectos.

3. Princípio da Ancoragem
Através deste princípio, é possível uma nova ideia de ligação da arquitectura com o lugar, ou seja, o projecto tem origem nas características históricas e culturais do lugar, nunca ficando este deslocado do lugar. Isto significa que a arquitectura está de certo modo condicionada pelo lugar, pois esta tem que ser capaz de explicar o próprio local em que está inserida, ou seja, tem que haver uma fusão entre as partes.

·Edifícios na periferia, Cleveland
Holl, S., 1989

Aqui, Steven Holl pretende fazer uma conexão entre o campo e a cidade através do rio que serve como ponto de intersecção entre os dois lugares.


·Barreira Espacial, Phoenix
Holl, S., 1989

Com a criação de estruturas (barreira), passa a haver uma percepção do limite da cidade/deserto.

4. Princípio de Temporalidade

·Guardiole House, Cadiz
Eisenman, P., 1987

Este é um projecto em que o edifício toma relação com o lugar, em que o lugar está a ser modificado ao longo do tempo. Um exemplo que retrata bem esta situação é o limite da água do mar e da areia, pois não existe um lugar próprio, uma vez que está a ser constantemente modificado. Isto leva-nos também ao Conceito de Lugar de Platão, que diz que o lugar não tem materialização, trata-se do limite entre duas realidades, ou seja, o lugar é o mesmo, apenas muda o “contentor”.
Retrocedendo novamente à Guardiole House, aqui há a ideia de que o edifício está a cair conforme o terreno, no entanto, o edifício é estático. É um processo inacabado que pode ter continuidade com o avançar do tempo.


·Casa Ghery
Ghery, F. O., 1978

Este projecto consiste na ampliação de um outro projecto inacabado, já que Ghery retira pedaços do edifício dando a ideia de que este ainda estava em construção aquando a sua fragmentação. O lugar é como uma série de elementos temporais.

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