quinta-feira, 25 de junho de 2009

02. Função

02.1 Função e Utilidade

A função é uma categoria própria da arquitectura, que tenta explicar o conceito de finalidade para dar resposta a um determinado problema. É uma utilidade própria.
Aqui, a forma é vista como uma consequência lógica da função, ou seja, a forma não é a causa da função mas sim a sua consequência, levando-nos assim, ao movimento do funcionalismo em que há uma ligação estrita entre a forma e a função, sendo este último, o objectivo principal da arquitectura. No entanto, a função como categoria independente não é a mais forte da arquitectura.
·O Homem do Vitrúvio
Leonardo Da Vinci

Também Vitrúvio afirmava que a forma era uma consequência lógica da função, uma vez que a forma externa da arquitectura está intrinsecamente ligada às funções do Homem, logo este passa a ver o elemento central de todo o trabalho.

Forma = Linguagem

Uma vez que a forma é uma consequência das proporções humanas, esta está-se a ligar com o estilo arquitectónico criando uma linguagem.
Também a arquitectura egípcia apanha a essência das formas naturais e cria uma linguagem, uma vez que podem ser desenvolvidos os elementos básicos, como as colunas e lintéis, criando deste modo um estilo arquitectónico e por sua vez uma linguagem.
Assim, cada estilo arquitectónico tenta expressar um carácter humano através do percurso Forma = Linguagem = Elementos Formais Básicos = Estilos, na tentativa de dar resposta a um problema de utilidade.

S.XX: Funcionalismo

Forma = Função

Aqui, a forma deve ser a resposta lógica/directa da função, ou seja, uma consequência, e a função é a utilidade que já está presente desde a origem. Este movimento aberto e não estrito leva-nos ao funcionalismo, em que o objectivo é que a forma seja uma resposta à função.

Funcionalismo Orgânico

O funcionalismo orgânico não tem a ver com a definição de formas sinuosas mas pelo contrário, a forma depende da função e a função está a tentar criar uma ligação com o envolvente, passando a forma a ser apenas um elemento de relação com o envolvente.


·Kaufmann House, Pensilvania
Wright, F. Ll., 1936-39

Funcionalismo Plástico

·Farnsworth House
Rohe, L. M. V. D., 1945-50

É um funcionalismo um pouco mais abstracto, pois não existe simbolismo em nada; a arquitectura é o mais abstracto possível: está elevado do terreno, a cor branca para dar a noção do abstracto, a relação estrutura/forma, em que a forma não depende da estrutura, apenas em modos abstractos.

Funcionalismo Abstracto


·Pavilhão Barcelona
Rohe, L. M. V. D., 1925

Este projecto dá resposta a uma funcionalidade (espaço para exposições). Aqui, as formas têm uma essencialidade abstracta, que se verifica na limpeza entre os materiais e a forma e nas cadeiras que são o único elemento que é quase apenas para ser visto, é quase o único objecto que está exposto.

Funcionalismo Expressivo


·Universum Cinema
Mendelsohn, E, 1926-29

Com este projecto, Mendersohn concebe um espaço novo, em que a forma que lhe deu foi a melhor resposta possível a esta função, pois é esta a melhor forma para ver cinema. Esta arquitectura tem um carácter expressivo devido às formas quase em movimento.

Funcionalismo Racional


·Asilo Sant’Elia, Como
Terragni, G., 1936-37

Neste tipo de arquitectura não existe ornamento, persiste o rigor clássico e a cobertura plana, o que nos remete para um funcionalismo estrito, em que casa forma tem uma função essencial.

Funcionalismo Rígido


·Villa Savoye
Le Corbusier, 1928

É um funcionalismo racional/rígido em que a forma não é caprichosa, cada parte tem uma função rígida e a estrutura depende das necessidades humanas, ou seja, o objectivo era criar espaços úteis para o Homem.
Funcionalismo Livre

·Philarmónica Berlim
Scharoun, H., 1956

O objectivo desta obra é a ligação do objecto com a função, no entanto não há sentido funcional nele. Tinha-se aquela ideia prévia de que a forma deriva da função, no entanto a forma deste edifício é diferente em cada um dos momentos.

Origens do Funcionalismo

O funcionalismo iniciou-se com:

·“Form and Function”, 1851
Publicado em
“A Memorial of Horatio Greenough”, NY
Henry T. Tuckerman, 1853

Henry T Tuckerman escreveu o primeiro texto sobre funcionalismo, no entanto, o fundador foi Louis Sullivan.
·“Form Follows Function”
Kindergarten Chats, 1901-02
The Autobiography of na idea
Louis Sullivan, 1922-23

·Edifício Guaranty
Sullivan, L., 1894

Neste edifício existe uma articulação vertical devido ao ajuste nas sucessivas plantas, que embora tenha um carácter clássico, muito simbólico, já tenta romper com o pensamento de que a forma deriva do ornamento, uma vez que esta deriva sim da função. No entanto, o edifício Guaranty ainda tem uma ligação clássica na relação do volume e das colunas. Existe também uma analogia do edifício com o elemento formal básico – coluna, contudo, o principal não é o ornamento, havendo deste modo um diálogo entre a função e a forma.

O Funcionalismo na História

O funcional aparece em toda a História, no entanto, as formas funcionais não darão respostas a problemas de estrutura e abrigo.

·Túmulo Funerário Gobaederra
Alava, Espanha (Calcolítico)

Antes de ser um túmulo, esta obra era um abrigo, pois o Homem necessitava de um espaço útil, uma cave, o que à partida já havia uma diferenciação do espaço interior e do espaço exterior.


·Teatro/Anfiteatro Básico
Vitrúvio

Estas construções pretendem dar a melhor resposta a uma função, pois cada parte tem uma justificação funcional.


·Ponte Medieval, Lima

Uma ponte pode ter diferentes formas, no entanto a sua funcionalidade é sempre a mesma, ligar dois pontos.

·Arquitectura Japonesa

A arquitectura Japonesa é caracterizada pelo uso de elementos formais, como as palas nos telhados, com o fim de proteger e abrigar da chuva. Posteriormente, com a ajuda de ornamentos conseguem criar formas que personificam esta cultura e este tipo de arquitectura.
·Cidade ideal de Vitrúvio

Cada elemento tem uma justificação para estar naquele lugar, e com a forma arredondada, Vitrúvio pretende criar uma zona de defesas. Podemos então resumir, que cada um dos elementos do urbanismo tem uma categoria funcional à sua volta, pois o “Form Follows Function” não está apenas presente em Sullivan, pois neste caso, também a forma deriva da função/das necessidades que devem ter uma razão específica, havendo uma relação Função/ Razão.

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